segunda-feira, 26 de julho de 2010

Rara coleção de abstracionistas brasileiros e venezuelanos da Fundação Cisneros em exposição na Fundação Iberê Camargo


A partir do acervo de uma das maiores coleções de arte contemporânea da América Latina, a Coleção Patricia Phelps de Cisneros, chega ao Brasil a exposição Desenhar no Espaço, que reúne na Fundação Iberê Camargo 88 obras de dez nomes exponenciais do abstracionismo no Brasil e na Venezuela - os artistas venezuelanos Gego, Alejandro Otero, Jesus Soto, Carlos Cruz-Diez; e os brasileiros Hércules Barsotti, Willys de Castro, Lygia Clark, Mira Schendel, Hélio Oiticica e Judith Lauand. Sob a curadoria do venezuelano Ariel Jiménez, a mostra vai além do diálogo sobre o percurso da arte abstrata nos dois países, traçando um panorama da formação dos movimentos de vanguarda e de uma era pós-moderna na arte sul-americana, através das obras destes grandes nomes. Desenhar no Espaço fica em cartaz de 30 de julho a 31 de outubro, no segundo e terceiro andar expositivo da Fundação. Após a temporada de estreia no Rio Grande do Sul, a mostra segue para a Pinacoteca de São Paulo.

Influência européia


Embora o abstracionismo fosse um movimento de vanguarda amplamente explorado na Europa desde as décadas de 20 e 30, seu impacto na produção artística na América do Sul só foi sentido anos mais tardes, atingindo seu ápice entre as décadas de 40 e 70. Despertando o interesse de alguns dos principais artistas latino-americanos, a produção abstrata tanto no Brasil quanto na Venezuela significou uma ruptura com a antiga arte figurativa que dominava a produção artística nos dois países, instaurando o início de novas formas de expressão, novos limites para a relação espectador e obra, transformando-se em ponto de partida para o início da era pós-moderna na arte latina. “Era um período de mudanças na organização social, de crescente urbanização e industrialização e início da produção de massa. Justamente neste período, esse fenômeno urbano, faz com que os artistas, ou pelo menos ou sensíveis àquela realidade, mudassem suas estratégias plásticas, trabalhando fora do plano pictórico”, diz o curador Ariel Jiménez.

Assim, influenciados por precursores europeus do abstracionismo, entre eles Bauhaus, Kazimir Malevich, Piet Mondrian e Theo van Doesburg, surgia um grupo expressivo de artistas que passava a seguir à risca os preceitos do movimento. O abstracionismo era a contramão da figuração e reprodução de imagens que pertenciam à realidade e à condição humana, uma formalização da arte como técnica exata e matemática, composta de uma estética puramente plástica, calcada na exploração de planos e cores, e que estabelecessem uma experiência mais direta com o espectador. Características que dão início à produção abstrata nos dois países – através dos movimentos concreto e neoconcreto no Brasil; e Cinético na Venezuela - e que serão ultrapassadas e exprimidas das formas mais diversas pelos artistas presentes na exposição. (fonte: Neiva Mello)